Todos devem estar a par dos violentos confrontos com imigrantes em Rosarno, na região da Calábria, Sul de Itália, que começaram na passada Quinta-Feira e que levaram milhares de africanos juntaram-se em frente à autarquia de Rosarno em protesto, depois de dois imigrantes negros terem sido feridos por jovens brancos.
Os maus tratos contra imigrantes é uma constante, principalmente contra imigrantes negros.Já era tempo de todos serem tratados como iguais em qualquer parte do Mundo. E nunca desistir, mas resistir sempre!
Deixo um pequeno trecho de uma das matérias do PÚBLICO.PT sobre este assunto.
Deixo, também, um excelente artigo de Pedro Rodrigues, no ESQUERDA.NET, sobre Rosa Parks, uma negra americana que se cansou de ser discriminada e “lutou” contra essa discriminação, abrindo uma nova maneira de, nos Estados Unidos, os negros começarem a ir adquirindo alguns direitos que, felizmente, conduziram à possibilidade de terem um Presidente negro…
Rosa Parks foi sempre uma heroína e uma referência para mim e muitos outros. Nunca a devemos esquecer. Ela dá-nos a grande lição que cada um de nós pode fazer a diferença, às vezes até com um pequeno/grande gesto.
JOÃO
09.01.2010
(...) Ontem, milhares de africanos manifestaram-se frente à câmara municipal de Rosarno, naquela província meridional, depois das desordens da noite anterior, durante as quais alguns imigrantes incendiaram carros e partiram montras de estabelecimentos, num protesto contra os ferimentos infligidos a dois negros por jovens brancos.
Milhares de cidadãos estrangeiros concentraram-se quinta-feira nas ruas, tendo dezenas de africanos partido os vidros de carros com barras de aço e pedras, ao mesmo tempo que incendiavam caixotes do lixo.
"Não somos animais!", gritavam os manifestantes, que ostentavam cartazes a dizer "Os italianos daqui são racistas", depois de dois jovens brancos que iam numa viatura terem disparado espingardas de pressão de ar contra um grupo de africanos que regressava do trabalho rural, tendo ferido alguns deles.(…)
Cansada de desistir
09-Jan-2010
Quando perguntaram a Rosa Parks que música tinha sido importante para o seu trabalho de militante, Rosa Parks respondeu: "Todas as canções da Odetta". Então fui ouvir a Odetta.
Artigo de Pedro Rodrigues
Quinta-feira, depois de um dia de trabalho: Rosa Parks apanha o autocarro, paga o seu bilhete e senta-se num dos lugares da parte de trás, depois dos lugares reservados a brancos. O autocarro enche. O condutor muda o sinal "de cor" ("coloured") ainda mais para trás, atrás de Rosa Parks. Era prática comum naquela cidade - Montgomery, no Alabama, em 1955- direitos diferentes conforme a cor da pele.
O condutor dirige-se a Rosa Parks e a três outros passageiros. Diz-lhes para se levantarem. A princípio nenhum se levanta, mas quando o condutor insiste - "Dêem-me os vossos lugares!" - três levantam-se. Rosa Parks fica sentada.
Condutor: "Porque é que não se levanta?" Rosa: "Acho que não tenho de me levantar." Condutor: "Se não se levanta, vou ter de chamar a polícia." Rosa: "Então faça isso".
Rosa Parks foi presa, mas o episódio acendeu o rastilho de uma luta contra a discriminação nos autocarros. Começou um boicote à utilização dos autocarros pelos negros todas as segundas-feiras. A adesão foi fortíssima e causou prejuízo à companhia de transportes - a maioria da população era negra. O "Montgomery Bus Boycott" tornou-se um exemplo maior da luta contra o apartheid e pela completa igualdade de direitos dos negros americanos. Um ano depois, Dezembro de 1956, a vitória, depois de vários recursos de tribunal: o supremo tribunal apoia a decisão do tribunal federal de impedir a segregação. Mas ainda havia muito a fazer.
Quando perguntaram a Rosa Parks que música tinha sido importante para o seu trabalho de militante, Rosa Parks respondeu: "Todas as canções da Odetta".
Então fui ouvir a Odetta.
Odetta Holmes nasceu em 1930 no Alabama. Morreu há pouco mais de um ano. Foi uma das vozes mais potentes da luta contra a segregação racial. As suas canções vieram, como ela disse uma vez, "da fúria e da frustração que crescia na América da segregação". E a sua voz incrível tem a mesma determinação de Rosa Parks quando o condutor a mandou levantar-se do seu lugar ("senti uma determinação cobrir o meu corpo como uma manta numa noite de inverno", disse Rosa depois).
Tudo isto para dizer o quê? Que às vezes se luta ficando sentado? Que as discriminações continuam agora? Que há ainda hoje apartheid em muitas partes do mundo, pela cor da pele e por outras razões?
Ou que a música também faz parte disto - quando vem dos combates e neles ecoa, ou simplesmente quando nos ajuda a não desistir.
E as palavras de Rosa Parks: "Dizem que não dei o meu lugar porque estava cansada, mas não é verdade (...) Não estava cansada fisicamente, ou pelo menos não mais cansada do que habitualmente depois de um dia de trabalho. Não era velha, tinha 42 anos. Não, estava apenas cansada de desistir".
Pedro Rodrigues
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