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quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Arte: Duas Décadas de Ilustração Portuguesa Reunidas em "O Combate Ilustrado"

O Lançamento deste livro "O Combate Ilustrado", teve lugar ontem, dia 26 de Janeiro de 2010.
Ficam as Notas de Francisco Louçã no Facebook.

Duas décadas de ilustração portuguesa, de Pedro Amaral a João Fazenda, publicadas no jornal político Combate, são passadas em revista no livro "O Combate Ilustrado", que é lançado hoje.

Editado pela Associação Política Socialista Revolucionária, do Bloco de Esquerda, a obra reúne cerca de 200 ilustrações de 40 artistas portugueses que colaboraram ao longo de duas décadas no jornal Combate.

A escolha das ilustrações ficou a cargo do designer Jorge Silva, director de arte do Combate entre 1978 e 2003, e o resultado final é um documento sobre "duas épocas e duas gerações de artistas que trabalharam a ilustração".

É um olhar de hoje sobre as coisas de ontem", disse Jorge Silva à agência Lusa.

Organizado de forma cronológica, o livro apresenta ilustrações que autores portugueses fizeram para os textos que foram publicados naquele jornal entre 1986 e 2007, ano do seu encerramento.

Um dos critérios de escolha foi seleccionar ilustrações "que resistiram ao tempo sem texto, embora haja sempre aquele jogo do gato e do rato com o leitor, para identificar eventualmente o contexto", referiu.

O livro é ainda um testemunho da evolução da ilustração em Portugal, desde a produção manual, com aguarelas, acrílicos, até ao predomínio do digital, "e de facto percebe-se essa transição", referiu o designer.

Entre os artistas seleccionados contam-se nomes ligados sobretudo às artes plásticas e banda desenhada, autores que não se dedicaram apenas a um disciplina, como Pedro Burgos, José Feitor, Cristina Sampaio, Alice Geirinhas, André Ruivo, Fonte Santa, Pedro Zamith, Vasco e Richard Câmara.

Jorge Silva defende que, nestas duas décadas, a ilustração em Portugal "sofisticou-se bastante", mas hoje não tem a mesma margem de publicação que tinha em finais de 1980, princípio de 1990, quando surgiram, por exemplo, os jornais Público e o Independente.

Aí, o Combate também deu um contributo muito interessante", embora com ilustrações mais densas, "harcore", com artistas que tinham também o punk e as fanzines como referência.

Apesar do jornal ter uma origem política demarcada, Jorge Silva sublinhou que havia espaço para "um distanciamento em relação aos textos. Uma das características do Combate era essa liberdade".

Foi uma época em que a ilustração portuguesa "ganhou auto-consciência e afirmação, sobretudo com Jorge Colombo, que colocou a ilustração no mapa, e Henrique Cayatte. Ganhou uma leitura própria", recordou.

Depois desse "boom", Jorge Silva fala de um declínio ao longo da última década, por causa da crise que afecta a imprensa escrita, muitos dos autores que integram "O Combate Ilustrado" dão aulas, são designers, fazem cinema de animação, banda desenhada ou dedicam-se às artes plásticas.

João Fazenda será um dos poucos que ainda se mantém actualmente mais activo na ilustração editorial, em Portugal (Público ou Visão) e no estrangeiro (New York Times, por exemplo).

A apresentação do livro "O Combate Ilustrado - de 1986 a 2007", que sai com o selo Edições Combate, está marcada para terça-feira na Casa da Achada - Centro Mário Dionísio, em Lisboa.

O jornal surgiu em 1978, designado na altura Combate Operário, como instrumento de debate da esquerda mais radical, tendo sido reformulado nos anos 1980, altura em que se passou a chamar Combate.

O último número do Combate foi publicado no Verão de 2007.

(Fonte/Lusa)

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